Third Sector

Espaço onde apresento informações relativas aos temas do terceiro setor. Os temas preferidos são elaboração de projetos sociais, elaboração de propostas para levantamento de recursos para projetos sociais, gestão de organizações sem fins lucrativos, ferramentas computacionais para uso nas atividades do terceiro setor, projetos de conservação de energia para ajudar as organizações do terceiro setor a fazerem economia a partir da redução do consumo de energia.

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Engenheiro eletrônico aposentado. Trabalhei por mais de três décadas em uma empresa federal de geração de energia elétrica, onde comecei como estagiário e, posteriormente, desempenhei as funções de engenheiro de telecomunicações, gerente de conservação de energia e superintendente de negócios de telecomunicações. Atualmente me dedico à pesquisa genealógica.

Tuesday, October 05, 2004

IDH Mandrake...

IDH MANDRAKE!
Ivo Ricardo Wanderley

O International Institute for Economy realizou em Washington, em 1989, o seminário Latin American Adjustment: How Much Has Happened, do qual participaram funcionários do governo dos Estados Unidos, Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento (Mance, 1999).

No evento foram discutidas as reformas necessárias para que a América Latina saísse da década que alguns chamaram de perdida, da estagnação, da inflação, da recessão, da dívida externa e retomasse o caminho do crescimento, do aumento da riqueza, do desenvolvimento e da igualdade (Fiori, 1996).

Na ocasião, o economista John Williamson divulgou um trabalho consolidando o receituário neoliberal das agências econômicas para os programas de estabilização dos países periféricos - conhecido como o Consenso de Washington - o qual vem governando, desde então, as ações dos nossos dirigentes.

A proposta se estruturava em três fases: a primeira consagrada à estabilização macroeconômica, tendo como prioridade absoluta um superávit fiscal primário envolvendo invariavelmente a revisão das relações fiscais intergovernamentais e a reestruturação dos sistemas de previdência pública; a segunda dedicada ao que o Banco Mundial vem chamando de reformas estruturais; liberação financeira e comercial, desregulamentação dos mercados, e privatização das empresas estatais; e a terceira etapa definida como a da retomada dos investimentos e do crescimento econômico (Fiori, 1997).

Na mesma época, o Banco Mundial, a principal agência de formulação de diretrizes para as políticas sociais, enfrentamento da pobreza, e da concepção de desenvolvimento social como desenvolvimento humano, lança, no relatório sobre o tema pobreza intitulado Human Development Report, de 1990, o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. O desenvolvimento humano é conceituado, como um processo de ampliação das escolhas pessoais, que produz situações sociais nas quais se ampliam as escolhas individuais, alcançando-se, assim, supõe-se, níveis de vida coletiva mais elevados (Mota et al., 2001).

O IDH nasceu no bojo do Consenso de Washington. Ele é a expressão numérica das políticas sociais orientadas por critérios focalistas, que excluem de bens e serviços muitos dos que necessitam, pois a preocupação dos formuladores dos índices de pobreza recai sobre a chamada pobreza absoluta, como se houvesse uma pobreza aceitável e outra que diz respeito àqueles que não conseguiram se adequar às exigências do mercado. Conforme os neoliberais, é para esta gente que as políticas sociais devem se voltar, no sentido de garantir-lhes as condições de disputar seu lugar no mercado competitivo. Historicamente e, sobretudo, no governo FHC, tudo se reduziu - a uma combinação de critérios supostamente científicos para definir a pobreza. Enredada em indicadores e critérios, a realidade da pobreza no Brasil se perde, e a partir desses instrumentos se consegue a proeza de fazer os pobres desaparecerem do cenário oficial e de transformar a questão social em problema a ser administrado tecnicamente ou em problema humanitário que interpela a consciência moral de cada um (de Oliveira, 2003).

Referências:
- Mance, E. A., Globalização, Dependência e Exclusão Social - O Caso Brasileiro, Curitiba: 1999;
- Fiori, J. L., palestra O Consenso de Washington, Rio – RJ - CCBB, 04/09/1996, FEBRAE;
- Fiori, J. L., Os moedeiros falsos, 2ª ed, Petrópolis, RJ: Vozes, 1997;
- Mota et al., Globalização, identidade brasileira e a questão social, Brasília: SESI – DN, 2001;- Oliveira, I. M., Política Social, Assistência Social e Cidadania, Revista Desafios Sociais - UFRN, Ano I, Nº 2, Natal-RN: Editora da UFRN, Setembro 2003.

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