Marketing Social e Neoliberalismo
O desenvolvimento social como desenvolvimento humano, expressão da hegemonia do Banco Mundial no campo das políticas sociais e do enfrentamento da pobreza, foi sintetizado com os ingredientes do receituário neoliberal produzido no Consenso de Washington. Ele é conceituado como um processo de ampliação das escolhas pessoais (Mota, 2001), que atribui ao pobre a capacidade de se erguer sozinho e de poder protagonizar a superação da sua pobreza.
Esse conceito vem sendo sedimentado, em grande medida, pelas estratégias dos planos de comunicação e marketing das ONGs, que evidenciam os seus êxitos para conseguir fundos e difundem, ainda, a idéia de que são mais eficientes que o Estado. O resultado é que as ONGs se tornaram vítimas do seu próprio êxito mediático.
O Estado deixou de reconhecer que os déficits que os pobres enfrentam são reais, e com base nesta negligência mental desmontou os sistemas de proteção que os serviam. Além disso, possibilitou que o Estado aproveitasse a ocasião para sair de cena pela porta dos fundos, enquanto ninguém estava olhando e, às vezes, nem sequer chegou a entrar em cena.
Se deixássemos de afirmar que os pobres podem seguir adiante sozinhos, deixaríamos de legitimar o Estado quando ele se evade das suas responsabilidades. O discurso correto deveria ser: os pobres não são viáveis, e é ao Estado que cabe garantir a sua sobrevivência, e se o Estado não tem recursos suficientes, os ricos do Sul devem pagar a sua cota correspondente, sem deixar de denunciar a ordem econômica internacional.
As ONGs alardeiam os seus êxitos, defendem o protagonismo dos pobres na superação da sua condição de pobreza, e ainda se apresentam como mais eficientes que o Estado. Este se aproveita da solicitude e tira o time de campo. E aí as ONGs vêm reivindicar sustentabilidade... (Cortes,2001).
Referências: Mota et al., Globalização, identidade brasileira e a questão social, Brasília: SESI – DN, 2001; Cortes, G. P., Envio Digital, Revista Mensual de Análisis de Nicaragua y Centroamérica, Número 234, Septiembre 2001, Universidad Centroamericana – UCA, http://www.envio.org.ni/articulo.php?id=1105
1 Comments:
Venho acompanhando há muito sua contribuição ou grupo do terceiro setor, já fiz muitos downlouds se sites colocados no seu blog. Realmente posso dizer que você faz a diferença neste grupo. Concordo plenamente com o que foi exposto no artigo, a lógica de mercado há muito vem se aproximando do terceiro setor. E as organizações que dele fazem parte acabam por aceitar serem envolvidas pelo interesse de mercado. Coloco isso em minha dissertação de mestrado, a lógica perversa de organizações que usam causa sociais somente com o intuito de se promoverem, sai muito mais barato..se dá retorno ...não estou muito certo. Só gostaria de tecer um comentário, e espero que você não fique chateado... o mercado costuma usar o termo marketing social para marketing de causas sociais, isso faz uma diferença enorme, já que marketing social é definido como estratégia para mudar o comportamento público: campanha contra o fumo, cancer de mama, contra a AIDS, dentre outras. Caso queira trocar informações meu e-mail é edbenaz@yahoo.com.br.
Um grande abraço,
Edinelson Azevedo.
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