Third Sector

Espaço onde apresento informações relativas aos temas do terceiro setor. Os temas preferidos são elaboração de projetos sociais, elaboração de propostas para levantamento de recursos para projetos sociais, gestão de organizações sem fins lucrativos, ferramentas computacionais para uso nas atividades do terceiro setor, projetos de conservação de energia para ajudar as organizações do terceiro setor a fazerem economia a partir da redução do consumo de energia.

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Engenheiro eletrônico aposentado. Trabalhei por mais de três décadas em uma empresa federal de geração de energia elétrica, onde comecei como estagiário e, posteriormente, desempenhei as funções de engenheiro de telecomunicações, gerente de conservação de energia e superintendente de negócios de telecomunicações. Atualmente me dedico à pesquisa genealógica.

Thursday, December 02, 2004

Será Que Não Somos Capazes de Aprender as Lições?...

O texto a seguir, retirado do artigo intitulado "O neoliberalismo como doutrina econômica", de Theotonio dos Santos, ajuda a entender como o neoliberalismo vem operando no Brasil.

ABRE ASPAS
O Brasil, apesar dos seus esforços de crescimento econômico baseados na importação de tecnologias, capitais, cultura e processos administrativos dos centros econômicos mais desenvolvidos, não pôde resolver nenhuma de suas chagas históricas. Ao contrário, aprofundou a concentração econômica, submeteu seu povo a formas dramáticas de "modernização", empurrando sua população do campo para as metrópoles sem poder oferecer-lhe trabalho, habitação, educação, saúde e alimentação.

Essa falsa "modernização", alcançada através do golpe militar de 1964, do regime de exceção, da tortura e da repressão cultural, moral e física, foi o produto de um pensamento social oligárquico, colonizado e racista, que pensou ser possível criar uma "grande potência" econômica moderna nas costas de famintos e analfabetos.

O grave, contudo, é que não se aprendeu a lição. Num passe de mágica, este pensamento conservador e reacionário pretende e tem conseguido convencer o povo brasileiro de que o regime ditatorial criado pelo grande capital internacional pecou, não por excesso de liberalismo econômico a serviço do capital, e sim por excesso de intervenção estatal, nacionalismo e planejamento.

Aqueles que chegaram ao poder pela força, em nome do liberalismo, do livre mercado, da livre entrada do capital internacional, das políticas econômicas de curto prazo, do pragmatismo, querem convencer o povo brasileiro de que ocorreu exatamente o contrário. Que a ditadura foi o reino do socialismo (!), do planejamento (!), do estatismo (!), do nacionalismo (!). E que para modernizar o Brasil é necessário ... aumentar a desregulamentação, a livre ação do mercado, a privatização, a exportação,etc., etc. Todas as receitas que foram aplicadas nesses vinte anos de ditadura e mais seis de transição democrática ou Nova República!

Esta transição, por sinal, foi comandada pelo presidente do partido da ditadura (sr. José Sarney)! Durante mais dois anos instalou-se um governo "neoliberal" sob a égide do neoliberal Fernando Collor herdeiro das mesmas forças que realizaram a ditadura e que se apresentaram como salvação do país! O Brasil continuou sob a eterna e paternal égide do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, que orientaram a política econômica desde 1964!

Depois de um interregno "o governo Itamar Franco", em 1994 volta-se a constituir um governo com maioria conservadora (PFL e PTB) unida a um partido de centro, o PSDB. A única diferença é que a cabeça do governo fica com o centro, através de Fernando Henrique Cardoso. Mas as políticas seguidas são as mesmas de todo o período anterior. Apesar deste continuísmo quase absoluto, cada um destes governos foi apresentado ao país como algo totalmente novo em relação aos anteriores.

Tamanho cinismo só é possível pelo trabalho sistemático de desinformação que realizam nossos meios de comunicação e nossas elites culturais e políticas cooptadas. Também é possível pelo baixo desenvolvimento educacional de nossa população e pelas limitações provincianas de nossa intelectualidade. Nesses anos de ditadura só se fez reafirmar a idéia de que o mundo se resume a Nova York e Paris. E talvez Tóquio, nos nossos dias, num forte esforço de atualização.
FECHA ASPAS

E, lamentavelmente, parece que nem mesmo o governo do PT consegue romper esse círculo vicioso.

Referência: dos Santos, T., O neoliberalismo como doutrina econômica, Econômica, Revista da Pós - Graduação em Economia da Universidade Federal Fluminense, V.1 N.1 - Junho 1999, http://www.uff.br/cpgeconomia/v1n1/theotonio.pdf

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